Excerto do Livro Nono de Geínha - - Você não acha aquela trônquia ali parecida coa do Além, Rá? Se desavessássemos suas cores, ficaria igual. - É sim, Talia! - Bip! São da mesma espécie. - Maw! Devem ser até parentes. Pra mim, aquela lá é a bisavó da bisavó de mil bisavós desta. Mawmawmaw. - Beep! Vamos para perto dela? Quem sabe vocês gédios sentem alguma coisa, alguma géa, ou mesmo Géa, emanando da trônquia!? - Ótima idéia, Obor. Maw. Essa idéia quase merecia ser minha. Mawmawmaw. - palpaja Tóxia, ancorada no ombro direito de Rá, enquanto os fissuradores se põem a caminhar rumo à trônquia, uma das grandes, grossas, altas, frondosas e até florida, donde delicioso perfume convida quem passa a se aproximar e sentar à sua sombra, acolhedora e amiga. - Quase, Tóxia? - Maw, Talia. Pra merecer ser minha, só sendo minha mesmo. Mawmawmaw... - Tóxia voltou do Além com um convencimento mortal (aqui, “mortal” tem várias acepções: feroz, insuportável; e também é uma brincadeira de Talia, por causa da relação de “morte” com “Além”)... - Maw! Quanto mais mundos conheço, mais percebo a minha superioridade. Mawmawmaw. - Pelo menos Você não é fingida, Tóxia: acredita-se mesmo superior a tudo e a todos. - fala a menina à telária no ombro do enkinho, enquanto chega com Rá, Posenk e Obor sob a trônquia e feito estes senta-se-lhe à sombra no chão, formando um semi-círculo, como se o grosso tronco da planta fosse alguém poderoso, com quem quisessem conversar, para aprenderem coisas muito importantes. - Maw, Talia. Não só acredito, como sou. Mawmawmaw. Isso de modéstia não é comigo. - Trrrroooooon! Também eu fui assim, certo milênio, quando pela vez primeira brotei, cresci e vivi, sob o sol deste mundo... - !!! - é a expressão de todos, inclusive a de Tóxia, a qual nem chega a palpajar um “Maw!!!”, emudecida de assombro, ao eriar (ouvir com érios) uma trônquia falante. Os fissuradores ficam ali pensando “A trônquia fala!” e aguardando mais palavras do vegetal; mas não se ouve nenhuma por aproximadamente dois trínticos - ou um minuto, se contarmos pelo tempo da Terra. O ritmo, ou tempo, parece passar mais lento sob a fronde (copa, onde ficam todas as folhas) de base reta da planta, a qual semelha um teto verde (embora avessada, a cor vista pelos fissureiros é essa), parecido com aquele formado nas acácias africanas, niveladas por baixo na altura do bicho mais alto o qual consiga comer-lhe as folhas: o elefante, colhendo-as coa tromba, ou a girafa. Passados os dois trínticos, a trônquia volta a falar: - Trrrroooooon! Não temam. Sou uma trônquia amiga. Meu nome é Akaký. Em verdade, sou um Kyálter do Ky Único das akakýas, neste planeta, e também das acácias, na Terra. - Você parece uma acácia, sim, Akaký! E mais o vinhático, ou aranhagato! Conheci essa árvore no meu planeta, a Terra! - fala Talia, para quem, depois de tantas aventuras incríveis, uma trônquia falar não causa espanto duradouro. Novamente se passam dois trínticos até Akaký falar; porém, já não parece demorar tanto para os fissureiros, cujos pensamentos e corações vão ajustando-se à aura de imensa paz radiada pelo vegetal. - Trrrroooooon! Sim, Talia. Minha madeira é amarela; como a do vinhático, sim. Conheço todos os vinháticos da Terra e também as mais de oitocentas espécies do nosso gênero de leguminosas mimosóideas, em seu planeta. - Maw! É um prazer relacionar-me com a trônquia e Ky Único de cujo nome faz parte o vocábulo “aranha”! O meu é Tóxia, a telária da peçonha mortal, Ky Único das telárias, parente de todas as aranhas da Terra e de Umalfa! Outros dois trínticos se passam; e agora, para os fissuradores, parece não ter decorrido tempo nenhum: seus ritmos gediológicos e biológicos estão adaptados ao da trônquia, embora não se apercebam disso. Quem fosse enk, homem, umalfo ou espécime de outra espécie animal - mesmo a lerda preguiça - e visse os fissuradores sob a copa de Akaký não lhes perceberia os movimentos, até quando falam ou Tóxia palpaja: tornaram-se lentos feito os das trônquias e o da maioria das plantas. E veria ao redor dos fissuradores uma parede protetora de luz dourada, como se fosse uma cortina pendente da beira da copa da trônquia té o chão. - Trrrroooooon! - gorgoleja Akaký; e retribui a saudação de Tóxia. Depois continua: - Devo avisá-los: precisei afetar-lhes os organismos, ajustando-os ao meu ritmo gedal (vital), para podermos conversar. Isso em nada os prejudicará; e, se quiserem interromper a conversação, eu os reajustarei imediatamente aos seus ritmos normais. - Bip. É um prazer indizível para mim travar conhecimento com Você, Akaký; todavia, devo perguntar: se alguém nos vir nesse ritmo vagaroso e se aprovei... - Trrrroooooon! Tranqüilize-se, Posenk. Ninguém no Universo penetraria a aura protetora sob minha copa. Vocês estão completamente seguros debaixo dela. É uma honra conhecê-la, Akaký. Sou Rá Lúmen Cromat Geócton, filho de Clausar Cromat Geócton e Gia Lúmen. Porém, temos missão a cumprir; e, enquanto reduzirmos nosso ritmo gedal para conversar com Você, a coisa irá destruindo o Universo! - Trrrroooooon! Fique sossegado, Rá. Abri um casulo no continuum para nossa conversação. O tempo, ou ritmo, não passa, do lado de fora desse casulo... - Beep! Bendita a Robomotors por me haver criado e ensejar-me (dar-me a oportunidade, o ensejo, de) estar na presença de alguém tão poderoso e bom, Akaký! - Trrrroooooon! Para mim é prazer e honra igual relacionar-me com vocês todos. E já antecipo a pergunta de Tóxia...
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