Excerto do Livro Quarto de Geínha - Ocelei numa Toca de Enks. Maw! - Na casa meio bonita, regozijava-me (alegrava-me) com a habilidade de meus olhos que; já através do reflexo móvel do espelho de parede, pendurado de um prego e balançado ao vento; pelo frátax (vidro) embaciado (embaçado) da janela do liquabo (banheiro) e entre os vãos da grade oxidada (enferrujada), logravam (conseguiam) seguir o vôo aleatório (sem destino certo) duma belbellita (borboleta geóctone) amarela sobre as plantas do jardim de Gia, que bracejavam (agitavam nos ramos, como se fossem braços) uivantes súplicas (pedidos humildes e insistentes), sob as rajadas do sul (vento que vem do sul)!... - Caramba, Talia! Até parece Clausar, com aquele seu jeito douto (sábio) dele de falar e textorar (escrever, no planeta Géa). - Obrigada, Rá. Parecer com Clausar é para mim um grande elogio. - Maw! Clausar não fala ou textora difícil para se fazer notado, para aparecer: ele só usa palavras exatas, rigorosas, que descrevem melhor as cenas. Mawmawmaw. - Isso mesmo, Tóxia; e não só: quando o conteúdo, a mensagem, a história contada num texto envelhece, resta a forma (o modo de escrever, para criar certo efeito, que alcança e afeta quem lê), a Arte! E a Arte é eterna. - Correto, Posenk. Com a rítua (música) acontece o mesmo. O Hino Nacional Brasileiro, por exemplo, fica mais bonito na versão dificultada para piano! - Dificultada, Talia? Maw. - Exatamente. Dificultada, Tóxia: tornada mais difícil, de propósito. Para não ficar boba, simples demais. Para mostrar as possibilidades do instrumento e do instrumentista; no caso, o piano e o pianista. - Então nem sempre a mensagem é o principal numa fala ou num texto! - Nem sempre, Rá. Pode até não haver mensagem! Pode ser Arte pura, puríssima! A Arte de dizer, de textorar, de escrever, de compor, de tocar piano, de dançar e tal. - Pelo que vejo, Posenk, a dificuldade está em quem lê; não, em quem escreve. Com o ritmo (tempo), a língua e a rítua (música) evolvem (evoluem, desenvolvem-se) e apenas parecem mais difíceis. Se pensássemos bem, a maior facilidade é a que usam os animais irracionais, que só empregam alguns poucos sons. Mas essa facilidade é, em verdade, pobreza! Não serve para comunicar a mensagem com exatidão; não serve para registrar, gravar, memorizar; não serve para encantar coa beleza da própria forma, do próprio jeito de emitir, modular e compor o som! - É sim, Rá. Porém, não devemos confundir essa “dificuldade”, que é riqueza, com o pedantismo, o qual é a dificuldade sem beleza, sem forma, que atrapalha mesmo a mensagem e embaralha tudo mais, só pra chamar a atenção sobre quem fala ou escreve. - Maw! Tanto uma télia, toda embaraçada, fácil de fazer, quanto outra, em perfeitíssima espiral, difícil de tecer, apanham zúnias. Mas a segunda é bela, além de realizar o serviço a que se destina. Mawmawmaw. - Contudo uma télia linda, espiralada, e com malhas grossas demais, deixa as zúnias passarem. Esta última inda serve para simbolizar a arte pura das telárias; e, se for mal tecida, então serve para coisa nenhuma: é de telária pedante. - Maw, Posenk. Seria assim, caso existissem telárias pedantes. Felizmente, nós todas, sem exceção, unimos o útil ao agradável, a arte da caça à da beleza; e inexistem telárias pedantes. Mawmawmaw. - Ficamos a dar voltas no tema (assunto) da arte e do pedantismo, e esquecemos o principal: aquilo que Talia falou! - Obrigada, Rá. Mas o que falei era só uma lembrança, a qual já passou. - Aquela janela do liquabo, no andar superior de casa, também me traz linda lembrança! - Maw! E qual é, Posenk? - É a do mais belo nascer de Rá (o sol do planeta Géa) que jamais vi. - Como foi, Bio? - Foi como entre as esferas concêntricas de Penta Ro Bolinei, onde, a não ser para quem está na Foto Oito ou nos Globos Pranélites, Ro (o sol de lá) nasce descendo! - Ora, Posenk! Decerto Você estava sonhando! - Bios não sonham; aliás, nunca dormem, Rá. Nisso, parecemos coas telárias. - Se não foi sonho, como é que pôde? - Pôde, Talia, por causa do mesmo fenômeno que provoca as miragens em seu planeta. - Ah! Conte, conte! Estou louquinha pra saber! Imaginem! Miragens em Rio das Valvas!
.................continua Opinião pela LEITURA COMPLETA DE TODOS OS LIVROS DE CCDB, REALIZADA POR EUSÉBIO PIZUTTI Veja esta página criada especialmente para apresentar essa opinião.
|