Excerto do Livro Quinto de Geínha - As Mangueiras - Hê-hê-hê-hê-hê-hê!!!!! Já sei por que os fissureiros não conseguem, Linda! - gorgoleja Belo, quase logrando mudar a cor da pele, de tanta alegria - É porque dizem a palavra que todas as vezes que tentam atravessar o Portal! - Ei! É isso mesmo, Belo!!!!! - Sim, Linda! Sempre que algum deles pronuncia a palavra que; e só nesse momento, a saída desde a fissura té o passado não dá certo e cria-se um ramo fractálico (de fractal) na fissura. A fissura torna-se, portanto, um fractal, que sempre cresce quando falam que e donde só se sai para o passado quando se não diz que; é isso! - E um fractal, Belo, é qualquer figura das que os terráqueos chamam “geométrica”, desde que se divida em partes e que cada uma dessas partes seja a cópia da figura inteira. E que cada parte se subdivida de maneira igual. - Claro, Linda. Um fractal é o jeito de o infinito caber nas coisas finitas! A penti (gente, sendo pêntio) pode ir penetrando num ramo cada vez menor da figura; e o computador só vai recalculando algumas figuras menores além, até certo limite que predeterminarmos (determinarmos antes), de modo a não continuar o cálculo rumo ao infinitamente pequeno, o que nunca teria fim e sobrecarregaria o computador. - Verdade, Belo. O computador só desenha as figuras que nos bastem para enxergarmos a imagem geral o melhor possível, mesmo porque nem os nossos ocelos, que são ótimos, precisam ou podem enxergar o infinitamente pequeno. - Seria bobagem e perda de ritmo (tempo), Linda. Por esse e outros motivos, os fractais são muito interessantes! O próprio Universo é, de certa forma, um fractal. - Principalmente se o Universo for visto sob o Teorema de Clausar, que nos conta existirem muitos subuniversos dentro do Universo, Belo. - Ei! Temos de dar um jeito de avisar os fissureiros, Linda; ou terão de esperar pela próxima fase de Prânia, pra saberem o que se passa e tomarem a providência de não mais falarem aquela palavra. - Mas não dá mais, Belo! Que pena... Isso atrasará a vitória sobre a coisa e pode até atrapalhar toda a missão, pondo em maior risco o Universo inteiro. Tóxia já desfez a antena, e Posenk não tem como se comunicar conosco; nem nós, com ele. - Não tem; é? Venha comigo, Linda!!! - e Belo puxa Linda por um tentáculo com tanta força que dói! Mas a polinha agüenta dores assaz maiores e não faz conta: segue-o feito um elástico aonde Belo a vai levando, até que o segura e pára, coa mesma força com que o polinho a puxara. Linda diz: - Pare já, já! “senhor” Belo. Você não vai nos meter noutra enrascada mexendo na Laranja; vai? - Não nos meterei em enrascada nenhuma. Venha comigo e ocele só. Venha! Venha!! - e, meio ressabiada, a mudar de cor por quantas o arco-íris possui, Linda acaba seguindo Belo, para juntos penetrarem na Laranja, a qual está coa calota inferior aberta, porque Clausar e Gia a deixaram assim quando foram falar com Félix no passadiço (a ponte de comando), há poucos tríntados, pois voltariam logo para continuarem a manutenção periódica da nave, que ambos não podiam agora confiar ao (deixar para ser feita pelo) Bio. - Entre... e psiu! Não faça barulho, Linda. - Psiu! Vamos!!! - Não é nem pra dizer psiu, sua boba! Linda silencia; e, mais ágeis que um polvo na água, os dois polinhos adentram a (penetram na) Laranja. Linda lê essa palavra e põe-se a ajudar Belo, que a orienta com rapidíssimos gestos dos tentáculos e expressões dos ocelos, enquanto mexe nos circuitos do Bio. - “O que estamos fazendo, Belo?” - textora (escreve) Linda, naquela escrita parecida com anagliptografia (braile) que os pêntios usam; e depois logo a apaga com as ventosas, pra dar lugar à resposta do polinho. - “Estamos enviando mensagem ao Bio, por meio de um código nonádico (um código dos Galácticos que se baseia em noventa casas, em vez das dez do sistema decimal, ou das duas do sistema binário usado nos computadores, ou das dezesseis do sistema hexadecimal, também usado nestes)”. - “Mas como é que Clausar e os mais não fazem igual Você pra se comunicarem com Posenk, Belo?” - escreve Linda. - “Porque é perigoso para os circuitos etaut (e/ou) talvez não tenham pensado nessa solução. Estou curto-circuitando certos pontos, de um jeito que o Bio, lá no passado, terá de sentir. E ele decifrará o meu código!” - responde Belo a Linda por meio da escrita, pra não fazer barulho. E logo emenda um - “Pronto! consegui!!!”. Sim, o polinho intelipentíssimo* conseguiu mesmo. Lá no passado e no avesso do continuum (o espaço-tempo), o Bio percebera um desarranjo em seus circuitos, que só podia provir da Laranja, e logrou decifrar o código de Belo. Um subriso amplo se ilumina no rosto de Posenk, o que causa nas faces de Rá, Talia e Tóxia as mais fortes expressões de curiosidade. Posenk não pode responder um “- Entendido, Belo. Obrigado!”, mas sabe que entrando num estado de alta atividade, cujos movimentos consumissem géa (energia comum) dos seus circuitos lá dentro da Laranja, o esperto polinho entenderia que isso também seria um código. E não deu outra: Belo compreendeu que fora entendido pelo Bio e parou de mexer nos circuitos, dizendo, já em voz alta, a Linda pra parar também, o que a polinha imediatamente faz. Nisso, eis que entram Clausar e Gia, faces severíssimas (muito sérias), seguidos por Félix, com uma cara de assustar até a si mesmo, se se visse num espelho... Quando Clausar, Gia e Félix observam as expressões felizes e vitoriosas dos polinhos, relaxam. Só podia ser algo de bom; não, outra reinação. Sendo assim, os três adultos se acomodam e esperam os polinhos falarem, o que não tarda (não demora).
* todas as palavras alienígenas, como “intelipentíssimo” (que não é erro de ortografia, porquanto não é o mesmo que “inteligentíssimo”), estão explicadas nos livros à medida em que aparecem. Como este excerto é do Livro Quinto, a explicação já foi dada em livros anteriores e aqui não reaparece.
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